quinta-feira, 18 de agosto de 2011
‘A Casa da Ana Hickmann’: Record desperdiça chance de fazer um bom reality show
Ana Hickmann: dez loucas pela fama em sua sala de estar
Lançado com segredo acerca da identidade das participantes, “A Casa da Ana Hickmann” parecia ser uma acertada aposta da Record. À primeira vista, parecia um formato original de reality show e não um modelo comprado de fora. De fato, não há semelhantes no exterior. Mas a originalidade das provas e das dinâmicas é discutível. Dez mulheres disputarão o cargo de repórter do programa “Tudo É Possível”, deixado vago com a mudança de Dani Souza, a Mulher Samambaia, para a Ucrânia. Como o próprio título sugere, toda a ação se passa no lugar onde mora a apresentadora e a direção se preocupa em mostrar o luxo. É tanto tempo passeando por ambientes, que mais parece uma produção sobre arquitetura. Muito disso, claro, culpa da edição um tanto enfadonha e alguns probleminhas de roteiro. Por exemplo: sentada na sala com as participantes, Ana Hickmann anuncia que as dividirá em dois quartos, mas só dirá como na área externa. E lá se vão as candidatas para a piscina. Do alto de uma varanda, a apresentadora surge e diz que vai explicar uma prova, mas só quando estiver lá embaixo. É muito tempo perdido. Um bom reality show é feito de agilidade. Tanta explicação, tanta reiteração não ajuda. Ainda mais quando se anuncia que haverá virtudes como “muita adrenalina” e “muita emoção”.
Entre as dinâmicas propostas, estava uma que tentava fazer com que as participantes falassem mal uma da outra. E foi aí que tivemos de ouvir pérolas como a da garota que afirmou que uma pessoa fresca para ela era a mesma coisa que uma pessoa meiga. Tudo entrecortado por uma narrativa insistente. Tal recurso só deveria ser usado quando estritamente necessário. Não é o caso. Não criou suspense, não explicou nada. Por vezes, menos é mais. O quadro tem potencial de ser divertido, sim, mas precisa pisar no acelerador e evitar esse tipo de maneirismo. Da mesma maneira, achar que provas como enfiar a mão em cubículos com bichos nojentos é novidade super empolgante é apagar da memória do inesquecível “TV Animal”. Esta era a chance de surpreender. Vai ser curioso, no entanto, ver as garotas – boa parte delas não tem formação acadêmica – passarem por uma sabatina com perguntas como: “O que é proibido pela lei? Lícito, ilícito ou licitação?”. Momento de humor involuntário, mas que deve proporcionar a leveza que se espera.
Uma participante desistiu no primeiro episódio. Wasthi alegou motivos religiosos, por não trabalhar num sábado. Não custa perguntar: na pesquisa de elenco ninguém levantou a hipóteses de ela, por ser adventista, não trabalhar aos sábados? Mais uma vez, foi um momento desperdiçado. Trilha sonora errada de fundo, sequência mais longa do que deveria. E apostar na cara de falso choro das participantes – que não conseguiram disfarçar a canastrice – pela desistência da amiga também não ajudou. Da mesma maneira que é estranho ver Ana Hickmann falando de si mesma na terceira pessoa: “Wasthi terá de deixar A Casa da Ana Hickmann ainda hoje”. A apresentadora está segura, tem postura de palco, mas talvez num momento como esse, em que abre a porta da própria casa, valesse a pena relaxar um pouquinho mais. Pareceu tensa em alguns momentos. Mas quem não ficaria com dez figuras loucas pelas famas invadindo sua sala de estar?
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