quinta-feira, 3 de maio de 2012

Ana Hickmann na Revista Estilo.

Ana de perto !

 Dezesseis seguranças, três agentes, uma marca própria com 14 tipos de produto. Ana Hickmann transformou seu nome em uma grife de sucesso. Trabalha desde quando acorda até a hora de dormir e, ainda assim, arruma tempo para criar cachorros, cuidar da horta e fazer terapia de casal. 

Faltam nove minutos para as 7 da noite. Neste fim de terça-feira a cidade de São Paulo registra 103 km de congestionamento. Alguns rapazes e moças altos, magros e bem arrumados já se encontram em uma das salas do 22º andar de um edifício comercial no bairro de Pinheiros. Carregam debaixo do braço uma pasta com retratos e campanhas que fizeram como modelos. Estão lá para participar de, como se diz no jargão da moda, um casting - ou seja, serão observados, avaliados, julgados e, se passarem pelo crivo do cliente, convocados para o trabalho. O encontro está marcado para as 19 horas, mas eles já estão acostumados a amargar atrasos. Não desta vez. Faltam oito minutos para as 7 da noite. Uma mulher loira, mais alta que as demais, surge na porta. Ela está de cabelos presos, usa óculos de grau e nada de maquiagem. Veste blusa justa, cinto grosso, saia rodada e sandálias de salto Jimmy Choo. Tudo preto. Dirige-se à sala de reunião e entrevista, um por vez, cada um dos 17 candidatos. Simpática na medida, faz perguntas diretas sem elevar o tom de voz ou chamar demais a atenção para si. É o retrato de uma empresária moderna e consciente de seu papel. É Ana Hickmann, gaúcha, 31 anos, ex-modelo, que está ali para selecionar os homens e as mulheres que desfilariam na superfesta de comemoração de uma década de sua marca de óculos.À primeira vista, parece exagero que a apresentadora do Tudo É Possível, da Rede Record, participe pessoalmente desse tipo de decisão. Ledo engano. Ao lado do marido e sócio, Alexandre Corrêa, Ana mantém controle total sobre seus negócios - desde o bufê do evento e do pocket show até as cores da nova coleção de esmaltes Ana Hickmann, tudo passa pelas mãos (e, em alguns casos, as unhas) dela. "Sou detalhista, exigente e gosto de me envolver em tudo", diz. Assim, amealhou fortuna e transfor- mou seu nome em grife. Vende 14 categorias de produtos (bolsas, bijuterias, sapatos, biquínis, roupas de cama...), que movimentam 400 milhões de reais por ano no varejo e são licenciados por 12 marcas. Mais de 2 mil itens estão à venda na loja virtual da apresentadora, que entrou no ar em 2011. "Mulheres de diferentes idades e classes sociais se identificam com a Ana", afirma Marcelo Nogueira, agente responsável pelos licenciamentos. "Por isso, muitas empresas querem se associar a ela." Na guerra do domingo. Atualmente, a maior vitrine da empresária Ana Hickmann é seu programa na Rede Record. Exibido aos domingos, um dos dias mais disputados da TV brasileira, o Tudo É Possível tem quarto horas e meia de duração. Há quase três anos, a apresentadora recebeu o convite para substituir Eliana (hoje sua concorrente no SBT) no comando da atração. "Quando ouvi a proposta, gelei", conta. "Era muito tempo de programa. Pensei que as pessoas teriam uma overdose de mim. Por isso, tratei de trazer humoristas e novos artistas ao elenco." Desde então, vem se mantendo na vice-liderança, com média de 9 pontos de ibope (3 atrás da Rede Globo). Não raro, consegue alcançar a primeira posição e permanecer nela por até 90 minutos. "Ana assumiu um programa que já existia e soube implantar sua marca com bons índices de audiência e um upgrade no perfil de anunciantes", afirma Mafran Dutra, presidente do comitê artístico da Rede Record. "É uma das maiores estrelas da casa. Sua imagem está atrelada a simpatia, elegância e credibilidade." Para chegar lá, não mediu esforços. Ambiciosa assumida, tem vontade desmedida de vencer. "Minha vida foi feita de grandes chances", acredita. "Consegui enxergar as boas oportunidades e trabalhei para aproveitá-las ao máximo." Por exemplo, fez sessões com uma fonoaudióloga a fim de aprender a se expressar mais devagar e claramente na televisão. Em conversas cotidianas, fala bastante rápido (mas nunca, jamais, sem pensar antes de soltar cada palavra). As roupas que usa na TV e em eventos são sugeridas pelas produtoras de moda Renata Lima e Fernanda Hickmann, irmã de Ana. Vestidos curtos e sapatos de saltos altíssimos são os looks mais usados. Itens da marca própria têm prioridade no armário (no dia das fotos para a ESTILO, foi possível notar o selo brilhante com as iniciais AH até em sua lingerie). Há ainda as peças feitas sob medida pela costureira Maria José, que dá expediente diário no escritório. Algumas vezes, Ana percorre as lojas atrás de produções. Prestes a embarcar para a Patagônia, onde gravaria reportagens, decidiu que precisava de uma bota com solado de borracha para caminhar na neve. E lá se foi atrás dela. Primeira parada: Chanel do Shopping Iguatemi, um dos mais chiques de São Paulo. À venda por 3,1 mil reais, o calçado estava indisponível no tamanho de Ana, 41. O mesmo ocorreu na Gucci, logo em frente (por essas e outras, ela é dona de sua própria marca de sapatos. Os pares são fabricados na cidade de Franca, no interior paulista, e, claro, produzidos também nessa grade de numeração). Mas a apresentadora não perdeu a viagem. Comprou calças, blusas, colete e casaco da marca The North Face, especializada em trajes para baixas temperaturas. E ainda pôde medir sua (alta) popularidade: o vendedor da loja pediu uma foto, assim como as atendentes da cafeteria e a menininha que teve o momento registrado pelo iPhone da mãe. Todos a chamavam de "linda". Isso porque ela estava, mais uma vez, sem um pingo de maquiagem (não, nem mesmo um pouquinho de corretivo). "Não aguento mais responder à cobrança sobre filhos. É lógico que desejo ser mãe, mas optei por priorizar a carreira." Ana trava uma pequena batalha contra espinhas, que teimam em aparecer em seu rosto, de traços simétricos. Semanalmente, faz tratamentos faciais e corporais na clínica de Gisela Haddad, esteticista que a atende desde os 15 anos, idade com a qual deixou a cidade de Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul, para trabalhar como modelo na capital paulista. "Ela é fiel", conta a especialista. "Paga pelo serviço até se desmarca em cima da hora." Ana também se submete a sessões quinzenais de Accent, aparelho que associa radiofrequência e ultrassom para queimar gordura localizada, no consultório da dermatologista Ligia Kogos. Ainda pratica corrida e musculação. "Mais para ganhar resistência do que massa", ressalta. O cardápio é variado. Fã de um bom churrasco gaúcho, não come frituras, evita doces e jura estar em paz com a balança. "Cuido do corpo, mas, ainda bem, não tenho a obrigação de ter o quadril e a cintura de determinado tamanho." Por isso mesmo, permite-se tomar um bom vinho de vez em quando. Na adega dela, há desde rótulos da bodega argentina Catena Zapata até exemplares caríssimos, como o francês Château Petrus. Está esperando para abrir a garrafa no curso sobre o tema que ganhou de presente de Claudia Helena, sua agente e braço direito. Ana tem um verdadeiro entourage. Só de escolta particular são 16 homens - dois deles a acompanham o dia inteiro. Há ainda os profissionais de beleza: Marcelo Gomes cuida da maquiagem do programa e de campanhas publicitárias, enquanto o cabeleireiro Celso Kamura é o responsável pelo corte e pelo tom das madeixas louríssimas. "Já tentamos escurecer, mas ela voltou para clarear logo depois. É assim que o marido gosta", afirma Kamura. Na tempestade e na bonança Nas palavras de Ana, Alexandre Corrêa, 40 anos, é seu marido, namorado, mentor e porto seguro. O enredo, quase todo mundo conhece: os dois se casaram quando ela tinha 17 anos, juntaram economias e se mandaram para Paris. Antes de fazer sucesso como modelo, porém, a novata comeu o pão que Karl Lagerfeld amassou. Alexandre não arredou pé e permaneceu a seu lado, como uma espécie de príncipe que se uniu à Cinderela quando ela ainda era gata borralheira. Até que, finalmente, a maré virou. Ana desfilou para Kenzo, Ungaro e Yves Saint Laurent, mudou-se para Nova York, estampou capas e editorias de revistas. Em 2004, voltou ao Brasil, estreou na televisão, começou a licenciar mais e mais produtos... E, bem, o resto é história. "Nem nos meus melhores sonhos, imaginei que ela se tornaria uma artista desse tamanho", afirma Alexandre, sócio da mulher no escritório que administra seus negócios. Durante anos, ele foi o principal agente de Ana. Conversava com clientes, fazia imposições, exigia contrapartidas e costurava ele mesmo todos os contratos. No início de 2011, no entanto, achou por bem afastar-se da função. "Sou muito truculento para negociar e isso acabou afetando a imagem da Ana Hickmann", admite. Formalmente, o empresário responde agora pela gestão financeira da empresa. Na prática, porém, Ana e Alexandre pensam em tudo. Algumas vezes, fazem reuniões já no café da manhã. Falam-se ao telefone vários momentos ao dia. Antes de dormir, pegam-se conversando sobre novos projetos. "Mas é porque a gente ama o que faz", explica ela. A intensidade da relação, que transita sem limites entre o pessoal e o profissional, gera rusgas inevitáveis. A fim de evitá-las, o casal tem frequentado sessões semanais de terapia. A princípio, Alexandre resistiu, mas acabou cedendo. Ultimamente, ambos tentam (ainda sem muito êxito) levar o assunto trabalho o mínimo possível para dentro do apartamento onde moram, na Zona Oeste de São Paulo. Nos passos de Oprah. É na cidade de Itu, a 101 km da capital paulista, que eles encontram paz. Lá, são donos de uma propriedade de 2,5 mil m2 de área construída, com três andares, oito quartos, piscina e boate. Ana discorre orgulhosa sobre sua horta, que tem alface americana, pepino, quiabo e jiló. Também se entusiasma ao falar do dia em que participou do parto da cadela Judite, uma rhodesian ridgeback. Criadora de cães dessa raça africana para venda, montou um canil em outro imóvel, próximo à mansão. Ao todo, tem 14 cachorros (cinco deles, das raças schnauzer e chihuahua, vivem no apartamento paulistano). A paixão por bichos vem da infância. Quando criança, Ana sonhava ser veterinária. Também gostava de cuidar do jardim, tomar banho de cachoeira e desbravar novas trilhas de bicicleta. Jamais brincou de ser apresentadora de TV em frente ao espelho ou de desfilar com as roupas da mãe. Na adolescência, chegou a participar de alguns concursos de beleza em sua Santa Cruz do Sul natal. Só quando partiu de lá e descobriu que poderia ganhar até mil reais por mês como modelo, é que passou a considerar a profissão. "Queria ajudar minha família", lembra. Primogênita de cinco irmãos (o mais novo, de 11 anos, é fruto de outro relacionamento do pai), ainda hoje cumpre essa missão. Ana Hickmann admira genuinamente a apresentadora norte-americana Oprah Winfrey - hoje, dona de seu próprio canal de televisão nos Estados Unidos. "Oprah começou pequena, tornou-se uma megaempresária e soube dividir suas conquistas", explica Ana. Qualquer semelhança não é mera coincidência.

Fonte:Revista Estilo

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